Balanço 2018 da Cosanpa tem saldo negativo de mais de R$ 240 milhões
Publicado em: 30 de maio de 2019 - Horario: 17:17

Pelo 15º ano consecutivo, a Companhia de Saneamento do Pará fechou o ano com saldo negativo entre receitas e despesas. O prejuízo no exercício 2018, deixado pela gestão anterior, foi de mais de R$ 244 milhões. O balanço foi apresentado nesta terça-feira (23), em assembleia geral para aprovação do Balanço Patrimonial da Companhia. O resultado tem reflexos diretos nos serviços prestados à população, mesmo em meio aos investimentos recentes anunciados pelo Estado na empresa.

As contas do ano passado já haviam sido aprovadas pelo Conselho Administrativo e Fiscal e, agora, foram apresentadas aos representantes do governo do Estado, conforme determina a legislação. Além do presidente da companhia, Márcio Coelho, participaram do ato formal o coordenador do Núcleo de Relacionamento com Municípios e Entidades de Classe (Nurmec), da Casa Civil, Josenir Nascimento, e a assessora técnica Cristiany Borges, também da Casa Civil.

“As contas apresentaram prejuízos, ou seja, despesa maior do que receita e o saldo negativo vem se acumulando ao longo do tempo. As consequências são evidentes para a população que recebe os serviços da companhia e impactam diretamente nas operações da empresa, por isso, enfrentamos dificuldades agora em 2019”, explicou Márcio Coelho.

Na ocasião, também foram debatidas ações entre Cosanpa, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (Sedop) e Companhia de Habitação do Pará (Cohab), para melhorar a questão do saneamento no Pará, além das estratégias para captação de recursos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O objetivo é ampliar a rede de esgotamento sanitário em municípios ainda sem cobertura pela Cosanpa. Durante a programação do Governo Por Todo o Pará, em Santarém e Marabá, dez municípios paraenses, que hoje atuam com sistemas próprios, demonstraram interesse em migrar para o sistema estadual de serviços de água e esgoto.

A recuperação financeira e operacional da Cosanpa faz parte do plano de ações da nova gestão. “Fizemos o diagnóstico no início do ano e temos um trabalho grande na redução das nossas despesas. Contratos também foram revistos. Do ponto de vista das receitas, precisamos reduzir perdas e inadimplência, para que a companhia passe a atuar de forma equilibrada”, pontuou o presidente.

A receita da Cosanpa vem da arrecadação pelos pagamentos da prestação de serviço de água e esgoto, porém fatores como a desafagem em mais de 100% das tarifas, a inadimplência que gira em torno de 40% e as perdas físicas da produção em 40%, atualmente, contribuem para o quadro. Entre as despesas, os três maiores custos são quadro de pessoal, produtos químicos para operação e energia elétrica. A Companhia também acumula dívidas tributárias, que deixaram de ser pagas ao longo dos anos. A presidência da Cosanpa já está em negociação com a Procuradoria Geral do Estado (PGE) para buscar formas de resolver a situação.

Cosanpa – A Companhia de Saneamento do Pará é uma sociedade de economia mista, criada em dezembro de 1970, com a missão de atender a população do Estado com serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Atualmente, opera em 53 municípios e nove vilas, com cobertura urbana de 73,25%, 51,46% de atendimento em abastecimento de água, cobertura de 9,10% e 6,8% de atendimento em coleta de esgoto sanitário.

O atual estado do Complexo Bolonha é uma das consequências dos prejuízos deixados pelas gestões anteriores e pela falta de investimentos na companhia. O sistema responsável pelo abastecimento de 65% da capital do Estado opera, atualmente, apenas com oito dos 16 filtros e sem equipamentos reserva para casos de panes emergenciais. A modernização do complexo está em andamento e as obras vão seguir em ritmo acelerado, para melhorar o serviço prestado à população.

O investimento no Complexo Bolonha é de cerca de R$ 155 milhões. No início do mês, o governador do Estado, Helder Barbalho, também liberou R$ 15 milhões para compra de equipamentos emergenciais para os sistemas de água de Belém, Santarém e Marabá.

Além das obras que estão em andamento e os projetos previstos para investimentos na Cosanpa, serão iniciadas melhorias na rede da cidade com a troca de tubulação antiga por redes feitas com material mais moderno e eficiente. O projeto prevê ainda a subsetorização do sistema para 30 bairros de Belém – para quando houver necessidade de paradas para retirada de vazamentos, por exemplo, a interrupção seja feita apenas no setor específico –, e também a instalação de hidrômetros para que a população só pague pelo que consumiu.

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